Alfa Burion (3)

28 de Maio de 2015


Sellium


Como ficou dito anteriormente, ao progredir na leitura do Kall Murion nota-se uma melhoria descritiva dos textos, enriquecidos pelos comentários aos mesmos feitos pelos frades beneditinos que o copiaram do original. 
No que respeita ao período romano (que afloro levemente neste terceiro artigo), a riqueza expressiva do registo histórico é tal que até os fragmentos que aqui vos deixo o testemunham.

Muito se poderia dar a conhecer da luso-romana Nabância mas o uso que actualmente é feito da História e os interesses duvidosos dos que dela se servem aconselham-nos à prudência e ao recato. Fiquemo-nos, pois, pelas "Termas" onde hoje está erigida Santa Maria do Olival e pelo "Lacum" onde actualmente está a cisterna do castelo. 


"Quando os romanos aqui chegaram encontraram nos bem conservados banhos um pequeno templo que os indígenas dedicavam à deusa lusa Nábia. Alimentava-os um braço de rio para ali desviado pelo engenho humano. A cidade cresceu e os romanos ao invés de relegarem a deusa, antes a aceitaram e mantiveram fazendo-lhe no mesmo lugar novo e magnífico templo. Ficava esse templo junto à torre da cisterna grande que fornece hoje a cozinha do nosso mosteiro […]"

"No cimo do monte existiu em tempos uma torre de vigia que os romanos construíram, em que a metade da altura era de pedra e a restante em madeira. Servia como presidium aos presos que trazidos de Scalabis tinham por destino outros lugares a norte e ali eram temporariamente encarcerados nas covas junto à dita torre. Nos casos em que os infelizes ali padeciam a morte eram por vezes atirados directamente pelos carcereiros para o grande poço sem qualquer sentimento de humanidade e em completo desdém pela sacralidade do lugar." 

Fr. Manuel F. B. 
cronista-mor da Ordem

Sem comentários: