No velho território de Scalabis, os romanos fizeram florescer nas margens do FLUMEN NABIA, a cidade luso-romana de Nabância.
Muitos séculos depois, os árabes iriam rebaptizar o rio que daria depois ainda o seu nome à actual Tomar. Por duas vezes e em épocas distintas, o mesmo rio, iria emprestar o seu nome à Cidade. Neste lugar e por volta de 1143 dá-se uma radical mudança política e militar quando os árabes almóadas tomam o governo aos almorávidas. A população, no entanto, mantêm-se maioritariamente moçárabe. Nos nossos arquivos, uma crónica beneditina, refere o ano de 1145 e relata-nos o que a seguir transcrevemos:
"... estes dois lugares coexistiam pacificamente; um do lado da colina, habitado pelos árabes almóadas, novos senhores da terra e do castelo de Moçadar e outro do lado oposto do rio onde a nossa sagrada Ordem possuía o mosteiro de S. Bento de Cellas..."
"... no interior da al-qashbah (a Alcáçova) de Moçab-d'har (terra de moçárabes), no ponto mais elevado, há uma antiga e forte torre de atalaia que pela sua grande dimensão é usada pelo chefe militar como aposento particular. Em frente, e numa menor elevação, está a masjid-d'ahriad (templo circular), onde nós, os adeptos (os muridin), nos prostramos perante Allah, o misericordioso... nas ruínas da abandonada cidade dos romi , há um mosteiro do santo cristão Benedito, cujos religiosos convivem em paz connosco... divide-nos o rio Túmart."
Sabemos pelos nossos registos, que ambos os lugares estavam abandonados já no ano de 1146, um ano antes da tomada de Santarém. Suspeitamos que, numa estratégia militar bem concebida, os muridin inutilizando o alcácer de Moçabd'har simularam sofrer um ataque cristão, criando o pretesto para se recolherem em Santarém onde, em pouco menos de um ano, iriam colaborar com as forças portuguesas na tomada da praça forte.
Sabemos que os beneditinos que ocupavam a margem contrária do rio Tumart (curiosamente o T final não se pronuncia) se retiraram para norte, para a região de Braga. Certamente para evitarem ficar entre o "fogo cruzado" das movimentações militares que se seguiram.
14 anos mais tarde, em 1159, a região de Ceras (Cellas ou Sellum) é doada à Ordem do Templo. O Mestre dos Templários Portugueses, D. Gualdim Pais, encontra o alcácer e a 'rotunda' árabe semi-derrubados e "cobertos de mato", iniciando de imediato a sua recuperação. Do nome do rio deram mais tarde o nome à povoação e ao castelo. De Tumart evoluiria para Tomar. Ao rio, devolveram o nome da velha Nábia lusitana. Tornou-se com o tempo, o rio Nabäo. O rio que banha actualmente a cidade Templária de Tomar.
Sem comentários:
Enviar um comentário