Três caminhos para uma Demanda
Durante a primeira Era Templária os mentores da ORDEM em Portugal desenvolveram um Projecto que se destinava a tornar o mundo mais justo. Mais humano. Um Projecto que partilharam com a Ordem geral.
Sonharam ser possível reunir, numa grande fraternidade, as três religiões principais (judaica, cristã e islâmica) e alcançar com essa união uma paz duradoura em comunhão fraternal. Para o progresso da humanidade.
Para isso teriam de alcançar um poder tal, que lhes permitisse derrubar o sistema feudal e acabar com a hegemonia de Roma.
Teriam de avançar com extremo cuidado e jogar, em segredo, pelas mesmas regras do adversário.
Para tal, iriam ser Cavaleiros imprescindíveis de Reis. Monges exclusivos de Papas.
Tentariam aos poucos mudar a sociedade da época. Torná-la mais justa, mais humana, culturalmente evoluída e livre das amarras dos poderes dominantes. Uma sociedade em que o indivíduo fosse valorizado pela "arte do Bem-Fazer" e não a do "bem parecer".
Tornaram-se a mais formidável máquina de guerra, construíram fortalezas, sob a protecção das quais, ajudaram a crescer comunidades inteiras. Tomaram à sua guarda, sob absoluta confiança, a riqueza de particulares, da realeza e até do clero, que administraram com mestria.
Mas a reacção ao surgimento destes ideais que emergiam em potência em plena época medieval, foi brutal. Em França, sede da Ordem geral, o poder real, que manipulava já com pulso de ferro o religioso, lançou uma campanha mórbida e fulminante contra a Irmandade Templária. O papa, refém, não teve outra opção senão suspendê-los. Nunca mais se ergueriam.
Em Portugal, gozando de autonomia e da protecção real, a ORDEM mudou de nome e continuou o seu caminho. Foi o único País que nasceu Templário e Templário continuou.
O Projecto, agora grande demais para um território tão pequeno, fê-los mudar de estratégia. Munindo-se dos segredos da navegação oceânica, partiram para a aventura épica das descobertas. O que não conseguiram na Europa, iriam tentar no mundo por outros desconhecido. Para seu fortalecimento. Para engrandecimento da Casa Mãe que era o seu Templo; o Reino de Portugal.
A História ensinou-nos que onde há grandeza há cobiça. Mais uma vez as águas pantanosas da traição, da intriga, dos jogos de poder iriam fazer submergir os Templários. E assim, a então gloriosa Ordem de Cristo acabou substituída aos poucos pelos interesses e pela ganância de muitos. Definhou numa imensidão de nadas, vazia de Templarismo.
Uma vez mais, restou a ORDEM que se manteve oculta. A que acalentou prosseguir o velho Projecto. A que hoje propõe a todos os Irmãos o ressurgir da Cavalaria Espiritual e o renovar do Templo.
Onde a sagrada terra Lusa seja venerada.
Onde a natureza seja usada com sabedoria.
Onde o conhecimento seja livremente partilhado.
Onde se observem os valores morais, entre eles a honra e o respeito.
Onde não haja ganância e desprezo pelos necessitados.
Onde todos possam ter o direito ao essencial para o dia-a-dia.
Onde impere a entre-ajuda, o amor, o carinho pelos mais fracos.
Onde todos se vejam como Irmãos e vivam em Paz.
Em resumo, os Templários Portugueses preveem no seu Projecto,
o retorno à Tradição,
o reatar da ligação à Terra
e a sua utilização equilibrada,
o renascer das antigas Profissões,
o redescobrir dos segredos da Natureza
e o seu poder curativo,
a retoma dos bons Usos e Costumes
sem prejuízo do bem estar actual,
a protecção do Património cultural e monumental,
a educação saudável dos mais Jovens,
o acesso livre ao saber,
o incentivo à descoberta e à realização pessoal,
o respeito e carinho pelos mais Velhos,
...
o empenho na recuperação desta velha Nação.
Para que o Portugal Templário se possa cumprir.
E a Luz se espalhe pelo Mundo.
fr. Manuel F.B.
cronista-mor