Ligando as pontas

23 de Junho de 2011


Ainda sobre o castelo de Penha Alva e os túmulos do Cavaleiro Gondemar e do Mestre Gualdim e porque a respectiva informação ficou de certa forma dispersa (ver "D. Gualdim Pais" e "Castelo de Penha Alva") fazemos aqui um resumo para a sua melhor compreensão. 

Em 1099, Gondemar participa na tomada de Jerusalém. No ano seguinte regressa ao condado portucalense e traz consigo as primeiras relíquias da Terra Santa que deposita no castelo de Penha Alva deixando-as à guarda dos freires da Ordem do Santo Sepulcro. O alto clero reclama-as mas os monges conseguem escondê-las. 

Em 1118, regressa à Terra Santa integrando o grupo de 9 cavaleiros que vão apresentar ao rei cristão de Jerusalém o projecto Templário. Curiosamente, o projecto tinha outro nome mas acabou denominado "Pobres Cavaleiros de Christo na Cidade de Jerusalém". 

Em 1130, Gondemar morre aos 53 anos de idade e, segundo as crónicas da Ordem, é sepultado em Penha Alva, no interior da pequena igreja do Santo Sepulcro. Os frades recolhem as relíquias que se encontravam escondidas no Penedo dos Mouros e depositam-nas no túmulo de Gondemar. 

Em 1164, o Mestre dos Templários Portugueses Fr. D. Gualdim Pais tomando conhecimento da existência das relíquias e do lugar onde se encontravam, recolhe-as declarando aos pés do túmulo de Gondemar ser aquele o lugar mais sagrado do reino, levando-as depois consigo para Thomar, . 

Em 1193 morre o velho Mestre Gualdim em Thomar e é sepultado na cripta da igreja de Santa Maria do Castelo, situada ao lado da denominada Porta do Sol, no castelo Templário. Acabada em 1195 a construção da igreja de Santa Maria dos Olivais, os restos mortais do Mestre Gualdim são trasladados para este Templo, na margem esquerda do Nabão ficando, a partir daí, conhecida como o Panteão dos Mestres do Templo em Portugal. 

No reinado de D. João III (séc.XVI), Fr. António de Lisboa é designado para efectuar a reforma da Ordem de Christo e, entre outras barbaridades, manda destruir todos os túmulos dos Mestres Templários sepultados no Panteão de Santa Maria dos Olivais. Antecipando-se, os Irmãos da Ordem fazem o levantamento dos restos mortais de Fr. Gualdim e (respeitando um antigo desejo do Mestre) colocam as suas cinzas em quatro pequenos vasos funerários de pedra selados. Estas pequenas urnas serão por sua vez enterradas em segredo em quatro lugares distintos, tão queridos do Mestre: em Marecos (Barcelinhos, de onde era natural), nas suas 'cazas' junto a Sintra (S. Miguel da Barreira), no castelo de Thomar (na cripta da igreja de Santa Maria do Castelo) e na igreja do Santo Sepulcro de Penha Alva (no túmulo de Gondemar). 

Em 1981, através da descrição lavrada no "Tombo das possessões da antiga Ordem do Santo Sepulcro no reino de Portugal", o túmulo de Gondemar é identificado e o seu conteúdo resgatado. De entre os artefactos contava-se um dos quatro vasos funerários de Mestre Gualdim. O único a ser encontrado por nós até agora.

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