Alfa Burion (5)

13 de Junho de 2015


Santa Maria do Sião 


No auge da 'reconquista' cristã, Santarém e Lisboa são tomadas aos muçulmanos por El-Rei D. Afonso I de Portugal. A Ordem do Templo participa com total empenho no esforço de guerra e instala-se em toda a linha da frente recebendo várias doações do monarca. 

"Quando o bispo de Lisboa nos reclama Santarém e El-Rei nos propõe por troca o território de Ceras o Mestre aceita sem que isso nos cause muita admiração. Vamos encontrar uma região que já conhecemos e sabemos abandonada há mais de treze anos. Numa primeira fase instalamo-nos na ruína do velho mosteiro beneditino que fortificamos para nos valer alguma defesa enquanto no monte fronteiro começamos a construção do castelo a partir da recuperação das ruínas árabes." 

Chegados aqui, entramos na segunda parte do velho códice, agora escrita pelos irmãos da Ordem do Templo. Nela, como já referi, estão relatadas as diversas fases da construção daquele que é hoje conhecido como castelo Templário de Tomar e outras estruturas com ele relacionadas. O fragmento de texto que em seguida vos deixo foi escrito pelo punho do próprio Mestre: 

" ... os escribas reais têm por vício dar os nomes às coisas sem atenderem ao real nome das mesmas. Acontece com o que chamam de castelo de Ceras que poderia muito bem ser de Cellas tendo em conta o mosteiro que por ora fortificamos para nossa casa militar mas que não é nem uma coisa nem outra. O castelo que se encontra no cimo do monte tem por vulgo o nome de Mussudar ou por mais antigo ainda o de Scala'burje segundo a memória dos monges de S. Benedito que a deixaram lavrada nestes antigos escritos. Fronteira ao castelo está a grande Majidaria de que vi igual na terra santa do ultramar aí dedicada ao profeta [...] ...ambos em ruína e muito tomados pelo mato espinheiro. Deste templo escreveram os ditos monges que também eles o usavam em paz e em particular lhe chamavam igreja de Sião e assim continuará. Como é nosso costume atender ao real nome das coisas assim fica decidido também dar à fortaleza que ora reconstruímos neste lugar o mesmo nome de Santa Maria do Sião; e ao rio que lhe corre em baixo manteremos o nome de Tumar. Deixo-vos a vós irmãos mestres no engenho de fábrica militar a tarefa de ambos reerguer e fortificar. Lançareis também nesta memória todos os passos e acontecimentos como eu frei Gualdim Pais mestre português da Ordem do Templo aqui o faço iniciar por minha mão e roboro com meu signal..." 

Foram reerguidas as primeiras pedras no início de Março do ano do Senhor de 1160. 

Fr. Manuel F. B. 
cronista-mor da Ordem

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