Muitos pensam que os Templários em Portugal implantavam as suas Comendas automaticamente em resultado das doações obtidas. Tal não era assim.
Na realidade, o processo de criação de uma Comenda era um pouco mais elaborado, obedecendo a determinados critérios e ao escalonamento de objectivos precisos. Todos os seus elementos tinham de estar em sintonia com esses objectivos e integrados numa determinada estratégia. Quando assim acontecia, nascia a Comenda.
Mas o que poucos sabem é que havia dois tipos de Comendas Templárias. As oficiais e as secretas.
Debrucemo-nos sobre as segundas. Estas nasciam em lugares considerados de especial interesse para a Ordem, por vezes solicitados ou reivindicados ao poder Real após a sua conquista. Por vezes até, ainda antes de os mesmos terem sido conquistados. Como não se constituíam oficialmente, dizia-se que os Templários tinham "Cazas no lugar de..".
Diogo Fernandes, Cavaleiro Templário, tinha sido designado para chefe de uma dessas "Cazas". Era um homem bom, inteligente, e com um plano secreto que, no seu entender, devia ser posto em prática sem demora. Um plano que fazia parte de um vasto projecto do Templo que aguardava o momento certo para ser executado. O Chefe Templário achava que não se devia esperar. Não havia tempo. A experiência tinha de começar. E antecipou-se.
" - D. Diogo, senhor, ainda é cedo para avançarmos. As gentes ainda não estão preparadas. Para nos respeitarem, ainda terão de nos temer.
- Então vamos prepará-las. Estamos rodeados de servidão e miséria. Não tarda estamos a cometer os mesmos erros dos outros.
- Seja então como desejais. Que Santa Maria nos ajude a todos."
Nas "Cazas" de Diogo Fernandes não se seguia a Regra à letra. A Ordem, secretamente, tinha-os dispensado. Não havia servos. Havia Irmãos. Verdadeiros Irmãos. Todos davam o seu melhor, partilhando o trabalho comunitário. Ninguém pagava dízimos ou outro tipo de imposto. Eram senhores do seu destino. Livres de investir no futuro da Comenda, que prosperava, ou de abandoná-la quando quisessem. E continuariam a ser Templários. E (o que seria inacreditável naqueles tempos) funcionava!
Mas o sistema feudal, fortemente enraizado, começou a ver neste sistema justo, um perigo para os seus interesses. Muito menos o clero poderia tolerá-lo. E uma noite, enquanto a milícia se encontrava ausente da Comenda, os lobos atacaram com toda a crueldade e selvajaria. E todas as "Cazas", todas as colheitas, todas as fábricas e alfaias foram incendiadas. Destruídas.
Os cabecilhas, decididos a acabar com a vida do Chefe Templário, cercaram e invadiram a sua residência acastelada, onde este calmamente os esperava.
Encurralando-o, pegaram fogo aos aposentos e antes de saírem, gritaram-lhe:
"- D. Diogo! Preparai-vos para arder no fogo dos infernos!"
D. Diogo tinha-se preparado. “… os atacantes, com o terror estampado nos rostos, aperceberam-se que não tinham como sair. Agora todas as saídas estavam trancadas.”
“- Para os infernos ireis vós agora! E como certamente não estarei lá para vos ver arder, ardereis aqui mesmo à minha frente para ter a certeza que o vosso castigo se cumpre!"
Diz-se que o sonho de D. Diogo Fernandes se consumiu naquela noite com ele e seus inimigos. O Templário conhecia tão bem os acessos que mandou trancar, como o que deixou destrancado para si...
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Se tal aconteceu? Existe descrição.
Temos registo no nosso arquivo que nos descreve datas, lugares, e personagens. Não entramos em mais pormenores porque envolve uma outra antiga Ordem que não queremos antagonizar.
Os textos aqui publicados não são de maneira nenhuma apresentados de forma leviana. Destinam-se apenas a acordar o que está adormecido.
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