Dos que nas grandes bibliotecas buscam tesouros filosofais ou a sabedoria ancestral nas grandes obras académicas, poucos se apercebem da ironia que é passar ao lado do que procuram sem disso se darem conta. Não se apercebem que hoje, o ancião, ignorado e desprezado num banco de jardim, mais tarde abandonado num lar ou nos corredores de um qualquer hospital para morrer, pode ser uma memória viva, cheio de vivência e sabedoria.
Quantos estarão ainda capazes de transmitir parte dessa vivência, dessa sabedoria? Tem sido neles que toda uma linha de antepassados têm vindo a depositar as tradições orais, autêntico repositório do conhecimento primordial que poderá vir a ser ainda, a chave da sobrevivência de todos.
Sabiamente, dizia o nosso querido Irmão Bernardo: "Encontrareis mais ensinamento nas 'pedras e árvores da floresta' do que em todos os livros das bibliotecas".
Hoje o "elo" está a quebrar-se. A sabedoria está a ser transmitida apenas em círculos fechados e a tradição está a morrer aos poucos. Porque, numa cegueira irracional, já ninguém quer saber. Quantos dos que nos leem sabem plantar e processar um cereal? Curar-se com as plantas do bosque? Muito poucos. Mas estes anciãos sabem. E vão, no fim da sua vida, levar com eles essa sabedoria para o túmulo.
...e os outros, os cegos, irão continuar a procurar. Em vão.
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