De origem bastante remota, a povoação da Ega foi doada à Ordem do Templo pela rainha D. Tereza, em 1128, a par da vila de Soure e outras terras entre Coimbra e Leiria, território então despovoado e de domínio muçulmano. Quando D. Afonso I assumiu os destinos do Condado Portucalense, anulou a doação feita por sua mãe; todavia - e depois de em 1135 ter resgatado Ega ao jugo muçulmano - fez dela nova doação à Ordem Templária.
O primeiro foral da Ega, concedido pelo Mestre Templário frei Estevam Belmonte, data de 1 de Setembro de 1231.
Com a dissolução da Ordem, o património - e entre ele a comenda da Ega - foi incorporado na Ordem Militar de Cristo, instituída por D. Dinis em 1319. Inaugura-se então, para este território, um período de desenvolvimento e prosperidade que em 1516 justificará a atribuição de um segundo foral a esta vila, desta feita, por D. Manuel I.
No século XVIII foi criado o título de conde da Ega, na pessoa de D. Manuel de Saldanha e Albuquerque, do conselho do rei D. José I.
Pelourinho de Ega
Pormenor do Pelourinho
De vila afecta à jurisdição de Leiria, em 1762, Ega foi - ainda antes de 1821 e até 1835 - sede de concelho. Estas atribuições foram-lhe contudo retiradas aquando da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira. Em 1838 passa, definitivamente, a integrar o concelho de Condeixa-a-Nova.
Do século XVI (e início do século XVII) subsistem, ao nível do património edificado, os três mais representativos monumentos da freguesia: o Pelourinho, a Igreja Matriz e o Palácio dos Comendadores.
De origem antiquíssima, a Igreja matriz é referenciada em documentos do século XII, obedecendo, nessa altura, a um traçado românico ou gótico. É reedificada em 1521, sob a orientação do arquitecto régio Marcos Pires, responsável pelo labor manuelino que identifica ainda a Igreja, não obstante as sucessivas reformas que têm vindo a contribuir para a sua descaracterização.
Na sua sóbria fachada, inscreve-se um portal manuelino de cantaria lavrada, donde sobressaem o escudo nacional e a Cruz de Cristo.
O seu interior desvela, também, outras obras de arte que chegaram até hoje: a abóbada estrelada da capela-mor, obra de Diogo de Castilho e que data aproximadamente de 1530; o altar-mor, exibindo um tríptico - mandado pintar em 1543 pelo Comendador D. Afonso de Lencastre - em cujo painel central figura Nossa Senhora da Graça, tendo ajoelhado aos pés, esse mesmo comendador; dois retábulos seiscentistas, com pinturas e imagens de interesse.
Tríptico do altar Igreja Matriz de Ega - Igreja de Nossa Senhora da Graça
Pormenor do fresco
O paço dos Comendadores é um palácio rural que foi pertença e moradia dos Comendadores da Ordem Templária e da Ordem de Cristo. Edificado entre os finais do século XII e princípios do século XIII e reconstruído no século XVI por Marcos Pires (o mesmo arquitecto responsável pela construção da matriz), apresenta uma estrutura quadrangular e maciça, bastante fustigada pelo tempo; só as janelas manuelinas, que conserva, oferecem algum contraste à sua rigidez geométrica.
Foi construído no lugar onde, séculos antes, se erguia o castelo da Ega, a que fazem referência alguns esparsos documentos, e de cuja existência ainda conseguimos perceber alguns vestígios.
Em 1941, escavações na proximidade revelaram ossadas de cavaleiros da Ordem.
Paço dos Comendadores da Ega / Paço da Ordem de Cristo
O paço, antigo castelo da Ega
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