28 maio 2023

"Velhos e esfarrapados", eles continuam por cá!

 

 Foi com um misto de alegria e de saudade que acabei de receber o volume VIII dos Templários Portugueses referente ao ano de 2021 com uma edição especial dedicada à Açafa. São quase trezentas páginas que já li, reli e vou continuar a ler nos próximos tempos até conseguir assimilar e digerir completamente.

Conteúdo simplesmente fantástico!

Um grande abraço aos Templários Portugueses. Obrigado pela confiança depositada e principalmente por continuarem entre nós!

 



10 outubro 2020

Epílogo




E assim chegamos ao fim, cumprindo-se o propósito deste blogue dos Templeiros Portugueses, que se esgota no último artigo publicado pelos Templários Portugueses no seu blog original.

Espero ter contribuído para que os interessados nestes conteúdos os possam consultar e divulgar não esquecendo de referir a fonte como manda a honestidade intelectual que tantos defendem mas que muitos atropelam.

Baseado nos meus muitos anos de investigação, acredito que os ditos Templários Portugueses estejam na posse de muitas respostas para as muitas perguntas que nos assaltam em relação ao tema dos Templários em Portugal. Acho que no blog deles levantaram apenas uma pontinha do véu e que estavam dispostos a continuar mas que qualquer coisa se passou entretanto para se dar a sua interrupção e consequente "extinção" (segundo expressão deles). É realmente uma pena.

Para os escritores cá da terra (entenda-se Portugal) que há anos andam literalmente às voltas literárias tentando apanhar as próprias caudas, ou seja, reeditando permanentemente o tema que para eles está esgotadíssimo devido à escassez de documentação oficial (muita dela alterada à conveniência das épocas e dos interesses, logo falsas ou parcialmente falsas), o blogue templariosportugueses.blogspot.com foi uma lufada de ar fresco no panorama templário, aproveitado por muitos que, passados já dez anos do início das publicações, os continuam a desdenhar e a caluniar até.

Para mim, o blog foi de grande utilidade pois, fornecendo novas pistas, me tem servido de trampolim para estudos mais profundos e selectivos. Obrigado guardiões. Por tudo.

Filipe Pereira de Amaral

09 outubro 2020

Um País sem rosto

6 de Fevereiro de 2020



"Sopram os ventos da perfídia sobre as gentes entorpecidas. Chegará o dia em que a vossa indiferença vos sepultará em silencioso grito de agonia. Para sempre. 
Não mais tereis olhos para abrir ou mente para questionar. Não haverá mais suporte físico para redimirdes vossas faltas. Será demasiado tarde, para vós e para aqueles que nunca vos sucederão."
...

"Tudo restará sepultado sob a superfície da vossa indiferença. Nada ficará para lembrar a vossa passagem por este mundo. Sobre vós não gastaremos uma única gota de tinta. 
Nada é mais repugnante que aquele que trai os seus semelhantes. Nada mais execrável que aquele que trai o seu próprio País. Deixastes, assim, de merecer o solo sagrado que vos deixámos."
... 

Nada mais justifica a nossa presença neste espaço. Gratos aos que nos acompanharam estes anos todos. O Templo será sempre Mestre e Protector dos que se juntaram a nós. Oraremos sempre pelos que ficaram fora dos nossos muros. Que os Arcanjos protejam os inocentes, pois a hora dos culpados chegará. A Ordem continuará a sua demanda, como sempre, da forma mais eficaz. 

Este blogue deixará de estar disponível a partir de 22 de Março do corrente ano. 

templariosportugueses.blogspot.com (2009-2020) 

O Principalis de Portugal



Tombo:LXXIII

21 de Setembro de 2019


Documentos da Ordem dos Templários Portugueses
guardados na Torre do Tombo


Dezembro de 1230 

Carta de doação da Torre de Alfarofe feita por Martim Mendes e sua mulher D. Domingas à Ordem do Templo:

"Saibam todos os presentes e por vir que eu Martim Mendes, juntamente com minha mulher Dona Domingas, damos e concedemos aos freires do Templo a torre de Alfarofe, com os seus termos, assim como nós os temos confirmados por carta do concelho de Elvas. No dia de Santo Estêvão, no mês de dezembro. E quem vier contra este fato seja maldito de Deus. Amén. E pague 300 maravedis aos sobreditos freires do Templo. E isto foi feito estando presentes o alcaide D. Martins, Gil Rodrigues, João Martins, irmão do alcaide, Domingos Tavira, Paio Martins, parente de Gil Rodrigues, Mem Coelho, Estêvão, carpinteiro, Gonçalo Pais, besteiro, Martim Garcia, homem da alcaidaria. João Martins."

Açafa



Portas de Ródão

'Pai de Pele' nos arquivos da OrCa:TemPo

x de x de 20xx 

 



É impressionante como na idade média os nomes de terras, rios, serras, nomes próprios das pessoas, sofreram modificações nos textos para onde foram vertidos, em crónicas e documentos, até ficarem quase irreconhecíveis, perdendo quase por completo o seu significado primitivo. Acontecia nas transcrições e traslados de documentos. Ainda mais quando a transmissão era então puramente oral; interpretava-se e escrevia-se conforme soava ao ouvido. 

Não é pois de admirar que o topónimo de Pai Pele, Payo Pelle ou ainda Paio de Pele - hoje Vila da Praia do Ribatejo - deixe tantos historiadores na dúvida sobre a sua origem. 
No arquivo histórico da Ordem dos Cavaleiros Templários Portugueses, armário 12, prateleira 2, doc.38 e anexos, encontramos: 

Anexo 1 - Carta de Doação de El-Rei D. Afonso I a Pelajvs Petris "O Bravo", seu Alferes, de uma caria mourisca com todas as suas terras de bom trato e por tratar, entre o Ozêzare e Almaurol, na margem do Tejo, pelo seu grande esforço e sacrifício na tomada de Santarém e Lisboa, datada de 18 de Março da Era de 1186 (Era de Cristo de 1148). 

Anexo 2 - Carta de Doação de Pelagius Periis e de sua mulher Menanda Arez à Ordem do Templo, de metade das suas terras do Ozêzar, da capela de Santa Catarina, e outras casas do seu termo, para que os irmãos da Ordem os amparem em vida e rezem por suas almas após a morte, datada de 15 de Setembro da Era de 1199 (Era de Cristo de 1161). 

Anexo 3 - Escritura da fundação do povoado de Pelayo Peres por proposta do Comendador de Almourol feita ao Mestre Gualdim Pais pela razão de às casas do Templo se terem juntado muitas outras de rendeiros e serviçais e o lugar ter aumentado de gente gados e colheitas e se encontrar fortificado de novo, datada de 25 de Novembro da Era de 1203 (Era de Cristo de 1169). 

Anexo 5 - Foral passado pelo Mestre Gualdim Pais à Vila de Payo Peres datado de [...]
  ( concluir… )

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Este artigo não chegou a ser editado no blogue

D. fr. Martim Sanches

x de x de 20xx


10º Mestre em Portugal 
Setembro de 1224 - Maio 1229 

Cavaleiro português da Ordem do Templo no reinado de D. Sancho II 


D. Frei Martim Sanches foi eleito por Capítulo da Ordem a 17 de Setembro de 1224 sucedendo ao Mestre D. Frei Pedro Anes. Foi o terceiro Mestre nos três reinos de Portugal, Castela e Leão. [...] (concluir)
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Este artigo não chegou a ser editado no blogue

Origens de Mariam

22 de Julho de 2019



NEKA UTEH ATLAKIS

‘Comemoram por aí’, hoje 22 de Julho, o dia de Maria Madalena. 

Os Cavaleiros Templários Portugueses aproveitam a data para fazer mais uma reflecção sobre Maria de Magdala. Sobre a Real origem da Princesa, a sua verdadeira história e as vicissitudes por que passou até que "voltou a Casa". A sua última morada.

Al-Faghar (9)

22 de Agosto de 2019


Santa Maria de Aqua-Lupus

Ermida de "Guadalupe" (Raposeira, Vila do Bispo) 

Neste nono e último artigo da série al-Faghar vamos falar daquele que tem sido o mais desconhecido e mal interpretado templo religioso do barlavento Algarvio; a antiga ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. De época anterior à sua construção temos uma referência documental que nos diz: 

"No caminho peregrino que conduz ao Cabo Sagrado há no termo de Lagos uma fonte na ribeira de Lupe que tomou o seu nome de uma pedra com forma de cabeça de lobo de onde jorra copiosamente uma água claríssima e muito fresca onde os peregrinos se costumam saciar e fazer as ablações afirmando que a dita tem dons de cura." 

Da mesma época, um outro documento revela-nos: 

"...na fonte do Lobo a poente do termo de Lagos há duas pedras muito antigas em cujas inscrições se lê AQUA em uma e na outra LUPUS : as quais se crê terem dado o nome ao lugar." 

Parece-nos ser esta a origem etimológica da actual "Guadalupe" que, da romana AQUA LUPUS, teria evoluído para Wadi-Lupe (vale ou ribeira de Lupe) no tempo dos árabes. Não sabemos quando nem porquê foi feita a ligação à lenda de Guadalupe mas suspeitamos que a semelhança entre os nomes teria dado origem a este erro. Ou haverá mesmo um elo oculto, uma vez que o culto a Guadalupe já vem da época visigoda? 

Sabemos, isso sim, por constar dos nossos arquivos, que em 1315 se estabeleceram no local alguns irmãos Templários franceses* que ali edificaram "às suas custas" a ermida dedicada a Santa Maria Madalena e o pequeno albergue contíguo, de apoio aos peregrinos, junto à "milagrosa" Fonte de Lupe. 

(*- Estes Cavaleiros franceses haviam sido acolhidos pelos Templários Portugueses aquando da suspensão da Ordem em 1309 e na sequência das perseguições movidas por Filipe IV e Clemente V, refugiando-se uns nas ilhas (ver "Navegações (IV) - A frota de La Rochelle") e outros em alguns pontos no reino do Algarve. Assim que foram transferidos para Castro Marim, a ermida deixou de ser consagrada a Maria Magdalena.) 

Entre outras referências mais tardias, Gomes Eanes de Zurara diz na sua "Crónica dos Feitos da Guiné" em meados do século XV: 

"Dos outros Mouros que filharam en Tider, envyarom Lançarote e os outros capitães, [...] e a Santa Marya de augua de Lupe, hua ermida que está naquelle termo de Lagos” 

Templários com a típica cota de malha num capitel da ermida. 

Em 1317 fizeram-se na ermida os primeiros enterramentos de Cavaleiros Templários 'em túmulo com tampa de pedra lavrada' como consta dos nossos arquivos e em 1319 já o piso interior se achava lotado, pelo que se registaram alguns sepultamentos no exterior. 

Com a atribuição de Castro Marim para Sede da Ordem de Cristo, estes irmãos Cavaleiros foram para aí transferidos, tendo a ermida de Santa Maria de Lupe ficado à guarda de alguns monges que lhe fizeram a primeira reforma. Foi nesta altura que o bispo de Silves mandou retirar todas as lápides do interior da ermida, fazendo-as transportar para Lagos**, assim como muitas outras pedras que identificavam a Ordem do Templo, tendo ficado apenas algumas, entre elas as do fecho das abóbadas. 

(**- Esses testemunhos jazem hoje sob os destroços de uma casa senhorial arrasada pelo terramoto e sepultada pelo maremoto de 1755)

Pedra de fecho de abóbada com figuração esotérica 
Templária, onde se pode "ler" simbologia referente à 
transmissão oral da linhagem de Maria Madalena. 

Como curiosidade retirada do nosso arquivo e relacionada com estes cavaleiros franceses, acrescentamos o facto de ter sido um dos monges de Santa Maria de Lupe (descendente de Ludovico IV e de sua mulher Elisabeth de Bratislava) quem mandou construir a primitiva igreja de Santa Elisabete na Boca do Rio, Budens, não muito longe de Guadalupe. 

Ruínas da igreja de Santa Elisabete situada na Boca do Rio, Budens

A pequena igreja de Santa Elisabete ( o que resta dela) está implantada na área arqueológica da cidade Luso-romana, cuja curiosa referência na nossa documentação, lhe atribui o nome de Tessa-Nabal (Tessa, Tensa ou Tersa; a terceira letra não é legível no original) .

Fr. João do Paço 
cronista-mor

Al-Faghar (8)

19 de Julho de 2019


O al-Faris Templário 
 

Ainda as forças cristãs lutavam nos últimos redutos da cidade de Silves e já El-Rei D. Sancho I tomava medidas para salvaguardar os habitantes muçulmanos que quisessem sair do inferno em que se tinha tornado nas últimas horas aquela presa de guerra, ainda nas garras dos cruzados nórdicos, permitindo a alguns cavaleiros portugueses que levassem em segurança pessoas e bens para terras vizinhas. 


"Coube a Martim Roque, cavaleiro da ordem do Templo, escoltar o pequeno grupo de Raissa, a filha de um rico comerciante, que tinha conseguido reunir o tesouro da família escondendo-o numa das mulas de transporte. Andando em cuidados por vales e montes chegaram à margem esquerda do rio Wad'luqta (1) que atravessaram a vau, a montante do castelo de Munt'aqût (2), para onde seguiam, quando foram avisados de que ainda havia alguns soldados cruzados a pilhar e a destruir o reduto muçulmano. De pronto o cavaleiro tomou medidas para proteger as gentes que seguiam sob sua escolta que tiveram de se esconder numa furna da serra enquanto ele e os seus companheiros de armas que eram dois sargentos de que não sabemos os nomes e um soldado muçulmano se acercaram do castelo para fazer frente aos saqueadores. Deu-se imediata escaramuça de que resultou a debandada dos nórdicos, não sem estes terem atingido gravemente Martim Roque pelas costas com um virote de besta que lhe causou a morte com grande agonia." 

Relatos posteriores dão conta que estes refugiados mouros se teriam estabelecido não muito longe do castelo destruído e entretanto abandonado, num local a que teriam dado o nome de al-Faris, (o cavaleiro) em homenagem ao martírio do guerreiro Templário. 

Lugar que é hoje a bonita aldeia do Alferce. 

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(1) - Wad'luqta (Vale do abandonado?) é actualmente a ribeira de Odelouca. Na época da narrativa, era um rio navegável até ao sopé do monte onde estava implantado o castelo de Montagud. Foi por ali que os cruzados nórdicos subiram e desembarcaram para atacar de surpresa o castelo/atalaia mourisco, nas vésperas do cerco de Silves. 
(2) - Munt'aqût (o Montagud descrito pelo cruzado anónimo que acompanhou o cerco e a tomada de Silves) fica onde está hoje o "castro" do Alferce, na serra de Monchique. Limpa toda a vegetação pela autarquia de Monchique e estudada toda a área do "castro" pelo jovem arqueólogo Fábio Capela, os vestígios postos a descoberto vieram a revelar estruturas do castelo, algumas visíveis e outras ainda subterradas, mas perceptíveis pelas elevações no terreno. 

Planta do alcácer do castelo de Montagud 


§


Lendas relacionadas

Nos ditos relatos vem uma lenda que fala de um tesouro trazido nesta ocasião por uma moura fugida de Silves e que estaria escondido numa gruta da serra de Monchique. Tesouro esse, ainda não encontrado. 

Também dessa altura, encontramos hoje na Serra de Monchique, uma outra lenda de um lugar ali perto, a que chamam Poço da Serra e que aqui transcrevemos, com a devida vénia aos autores.




"Em tempos que já lá vão, havia uma moura lindíssima que dançava no Palácio das Varandas, na cidade árabe de Silves. Seu pai, um mestre sufi, fizera-a jurar que, dele guardaria o Espírito quando chegasse a hora de entregar a alma a Allah. 

Um dia, Silves viu-se cercada pelos cruzados e a bela moura foi forçada a fugir e esconder-se na Serra de Monchique, até que o cerco acabasse. Mas a cidade caiu e nas suas muralhas destruídas, caiu ferido de morte o mestre sufi. Um cavaleiro cristão encontrou-o moribundo. Sabendo da jura, promete-lhe procurar a filha. 

Vagueando pela serra, a bela moura aqui veio ter. Esperou, desesperou e em lágrimas se esvaiu. 
O cavaleiro cansado de a procurar, veio ao poço matar a sede. Foi quando vindo da água, uma voz se ouviu: 

- Trouxeste-me o Espírito do meu amado mestre. Como te agradecer? 
- Dança para mim, graciosa moura. 
- Dançaremos sempre para vós, Cavaleiro. Aqui no poço da serra..."

Lenda curiosa, que transpira no diálogo, essências de sufismo e templarismo, numa mistura de passado e presente. Diz-se que nesta casa, em noites de animação e magia, a moura aparece disfarçada e dança, cheia de graça, para o seu cavaleiro. Que, encantadas, as belas mouras dancem sempre para nós cavaleiros de todos os Templos... 

Salão onde se vê o bocal do poço ao canto e na parede o 'pergaminho'

Dizem que desses tempos, apenas sobrevive o velho poço. ...Será?
Estivemos no salão e espreitámos no poço o seu interior. No silêncio mágico que nos devolveu imaginámos o diálogo entre a bela moura e o cavaleiro.
Antes ainda de sairmos fotografámos o "pergaminho" ali perto na parede e achámos curiosas as assinaturas dos autores...




Fr. João do Paço 
cronista-mor