O tesouro Templário existente na sede da Ordem em França, à data da conspiração de Filipe IV, era realmente considerável. Na verdade existiam dois tesouros; o que estava confiado à guarda da Ordem e o que era propriedade integral desta. Do primeiro falaremos noutra altura. Vamos focar-nos no segundo; o que era seu património, parte dele trazido de Jerusalém nos primeiros tempos da Ordem e que era mantido em rigoroso segredo.
Muito se tem especulado sobre a natureza desse tesouro. Os pormenores dessa especulação são já, por demais, conhecidos de todos os que se têm debruçado sobre o assunto. A ficção acabou por criar o mito. Certo é que em Outubro de 1307, o ganancioso rei francês vasculha a sede da Ordem e encontra apenas migalhas. Os bens existentes na sede dos Templários tinham desaparecido. Certo é também que a frota Templária baseada no porto de La Rochelle tinha zarpada para nunca mais ser vista. Tinha-se esfumado!
Em Portugal reinava El-Rei D. Diniz e, pelas crónicas da Ordem, sabemos que recebeu parte dessa frota no porto que erradamente chamam de El-Rey, mas que na época era conhecido por Porto de Salir ou de S. Martinho. Sabemos também que de bom grado permitiu que aí fosse descarregada parte da importante carga Templária que foi a guardar em Thomar. Depois ordenou misteriosamente aos Templários Portugueses:
"Ide, retirai-vos para as vossas ilhas, levai vossos segredos e esperai um sinal meu."
Quanta cumplicidade implícita nesta declaração! D. Diniz sabia que os Templários utilizavam ilhas que ninguém mais conhecia e ordenou-lhes que se refugiassem nelas por algum tempo até que os episódios de perseguição e as acusações feitas à Ordem do Templo se resolvessem e as coisas acalmassem. A esta altura já vocês perguntam: - Que segredos levavam os Templários, que eram do conhecimento do Rei? Que estratégia estava já delineada na mente do soberano para que os Templários só precisassem de aguardar um sinal seu? Que ilhas eram essas que ninguém mais conhecia?
Podemos dizer-lhes que os segredos continuariam ainda por mais algum tempo a ser segredos da Ordem e que a quase totalidade do tesouro guardado em Thomar foi usado para financiar um dos maiores feitos da nação Portuguesa; a epopeia marítima que deu novos mundos ao mundo. Mas isso, já vocês saberão...
1 comentário:
Terá sido por isso que D. Dinis sentiu a urgência de plantar o pinhal de Leiria? Na perspectiva de iniciar a epopeia naval que se seguiu?
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