3º Mestre em Portugal
1156 – 1158
Ao Mestre D. Ugo Martonio ou Martins, sucedeu D. Pedro Arnaldo, eleito por reunião do Capítulo, terceiro Mestre da Ordem, com o título de Procurador do Templo.
Natural de Gondomar, filho de um dos grandes de Portugal, era muito ligado à rainha D. Teresa. Foi um dos nove cavaleiros fundadores da Ordem, em Jerusalém, usando o nome de Arnaldo da Rocha. Homem de grande ciência e humanidade, foi adorado pelos Irmãos da Ordem como guerreiro valente. Companheiro de jornada, tanto em França como na Palestina, de Hugo de Payns, André de Montbard e Godofredo de St. Omer, foi como cavaleiro cruzado para a Terra Santa, onde ajudou a patrulhar os caminhos dos peregrinos para Jerusalém.
Em 1123 regressa a França na comitiva de Hugo de Payns e no ano seguinte chega a Portugal, integrando a pequena hoste da Milícia do Templo, comandada por D. fr. Guilherme Ricardo, devendo-se a ele, a causa principal desta vinda tão temperana.
Consta de uma doação ou previlégio que lhe deu o Senhor Rei D. Afonso I, em Abril de 1155. Nesta escritura podemos ler:
Ego Alfonsus Portugalentium Rex
una cum uxore mea Regina Mafalda,
Filiis meis hanc K. vobis Petro Arnaldo
Templi in istis partibus Procuratori,
Fratribus vestris.
É ampla a doação que dela consta, confirmando não só o domínio da Ordem nas vilas, fortalezas, herdades, igrejas, rendas, etc., que à Ordem se tinham doado, não só pelo nosso Rei, mas também as que os seus vassalos livremente lhe quisessem fazer em qualquer altura. E não só as que os Templários tinham adquirido com o consenso de El Rei e das quais eram próprios e legítimos senhores, mas do quanto eles pudessem adquirir, absolvendo juntamente a quantos servissem à Ordem do Templo, de todo o tributo, penas e gabelas.
" O Rei outorga a todos os lugares, igrejas, bens e a todos os súbditos que a Ordem possuir no Reino, ou vier a possuir, liberdade e imunidade."
" Ego Alfonsus, Petri vobis Fratribus Templi, ut me quasi Fratrem teneant sempre..."
Foi sem duvida D. Pedro Arnaldo o que desfrutou primeiro desta grande regalia, que no seu mestrado lhe concedeu D. Afonso I. Outros documentos atestam o governo do Mestre, como o que diz uma escritura de um fidalgo, feita nas Kalendas de Abril de 1157:
Após a conquista de Santarém, na qual toma parte activa, acompanhando o Rei desde Coimbra, é feito Comendador da cidade, pelo monarca. É ele que superintende na construção da igreja de Santa Maria da Alcáçova, terminada em 1154.
A Ordem compra a Egas Soares, por 23 maravedis de ouro, uma herdade na terra da Feira, em Agosto de 1155.
Em 1157, os Templários portugueses, sob a chefia do Mestre, ajudam na primeira conquista de Santiago do Cacém
Consta dos registos antigos, que o Mestre concluiu o seu governo da Ordem ainda com vida, vindo a morrer em combate contra os muçulmanos, a 24 de Junho de 1158, na primeira tentativa da conquista de Alcacer do Sal, fortíssima praça de guerra na altura, durante a escalada das muralhas.
É sepultado na igreja de Santa Maria da Alcáçova, em Santarém.
O Mestre D. Gualdim Pais, seu sucessor, para recordar o seu mestrado e o de D. fr. Hugo Martónio, fez inscrever numa lápide colocada sobre a porta desta igreja, os seguintes dizeres:
ANNO AB INCARNATINE M.C.L.IV. AB URBE ISTA CAPTA VII.
REGNANTE D. ALFONSO REGE COMITIS HENRICI FILIO, ET
UXORE EJUS REGINA MAHALDA : HAEC ECCLESIA FUNDATA EST
IN HONOREM S. MARIAE VIRGINIS, MATRIS CHRISTI, A MILITIBUS
TEMPLI HIEROSOLOMITANI, JUSSU MAGISTRI UGONIS :
PETRO ARNALDO AEDIFICII CURAM GERENTE.
ANIME EORUM REQUIESCANT IN PACE. AMEN.
("No ano do Senhor de 1154, e havendo sete anos que esta cidade se ganhara, reinando el-rei Dom Afonso, filho do Conde D. Henrique, e sua mulher a rainha D. Mafalda, foi fundada esta igreja em honra de Santa Maria Virgem Mãe de Cristo, pelos cavaleiros do Templo de Jerusalém, mandando o Mestre Hugo, e tendo dirigido a construção Pedro Arnaldo. Suas almas descansem em paz. Amen." )
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