D. fr. Gomes Ramires

3 de Abril de 2013


7º Mestre em Portugal 
Setembro 1206 - Julho 1212 

Cavaleiro da Ordem do Templo nos reinados de D. Sancho I e D. Afonso II 


D. Gomes Ramires foi eleito por Capítulo da Ordem a 11 de Setembro de 1206. Sucedeu ao Mestre D. Fr. Fernando Dias. 

Este nosso Mestre foi figura muito querida e confiada de el-Rei D. Sancho I que lhe doou em testamento a quantia de dez mil maravedis (o equivalente a quase quarenta quilos de ouro) e "... determinou, e mandou lhe fossem entregues avultadas riquezas em joias, e dinheiros para a seu tempo ele os entregar aos Infantes seus filhos D. Pedro, e D. Fernando." Não só era bem visto dos nossos soberanos, como bem aceito aos fidalgos e ainda aos de menor condição, como bem provam as muitas doações que se fizeram à Ordem, algumas já na fase final do seu governo. 

Foi o primeiro Mestre provincial da Ordem do Templo para os três reinos peninsulares de Portugal, Leão e Castela. Foi também valente guerreiro e um excelente administrador, multiplicando as prebendas e as Comendadorias recebidas e fortificando com gente capaz os castelos dispersos nas vastas regiões conquistadas. 

No início do ano de 1210 o infante D. Fernando Sanches, filho de el-Rei D. Sancho I, faz doação à Ordem dos vastíssimos campos da Açafa, com o usufruto após a sua morte. Faz também doação da Vila Nova da Cardoza, situada no morro do castelo da actual cidade de Castelo Branco. Esta doação foi feita na condição de um dia a Ordem do Templo o aceitar e lhe dar sepultura como era dada aos nossos monges guerreiros. 

A 21 de Março do mesmo ano de 1210, el-Rei D. Sancho despacha carta para o Mestre, na qual perguntava, se ele quisesse entrar na Ordem do Templo, ela o receberia. Referia também que aquando da sua morte, se o seu corpo seria entregue à Ordem para que fosse esta a dar-lhe sepultura. 
Um ano depois, no dia 23 de Março de 1211, dia de S. Jorge, face ao adiantado da doença de el-Rei, os Cavaleiros Templários Portugueses recebem-no no seio da Irmandade, três dias antes da sua morte. 
D. Sancho I morre a 26 de Março de 1211 com 56 anos, minado pela lepra. No mesmo dia era aclamado rei o seu filho D. Afonso II, que continuou a dar o total apoio e confiança ao Mestre D. Gomes, nomeando-o inclusive Reposteiro-mor a 19 de Março de 1212. 

Mestre D. Fr. Gomes Ramires participa na decisiva batalha de Navas de Tolosa (al-Iqab) a norte de Jaen, fazendo parte das hostes portuguesas constituídas por um corpo de exército regular e forças da Ordem do Templo, Santiago, Hospital e Avis, travada a 16 de Julho de 1212 contra o emir almoada Muhammad al-Nasir. 

Os Mestres das Ordens de S. João do Hospital e de Santiago morrem no recontro. D. Fr. Gomes Ramires é atingido por uma seta em pleno peito mas continuou a lutar tendo-a partido rente para o não estorvar na peleja. Um dia depois toma parte com os nossos Irmãos Templários no cerco e tomada de Baeza, recusando que o seu médico lhe retire a ponta da seta alojada no peito. Oito dias depois participa ainda no assalto a Ubeda. 

A 29 de Julho de 1212, tomado pela febre derivada do ferimento fatal, morre o lendário Mestre Templário que, segundo os Livros de Guerra, "... ainda combatia quasi morto!

O seu corpo foi trasladado para Portugal conduzido em solene cortejo pelos seus Irmãos do Templo. Foi sepultado na igreja de Santa Maria dos Olivais em Tomar.

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