Castelo Templário de Punhete

29 de Abril de 2013


Na confluência do rio Zêzere com o Tejo, na vila que hoje se chama Constância, existiu até princípios do século passado uma grande torre; a sobrevivente do castelo Templário de Punhete. 
Os textos mais antigos que possuímos falam de uma torre primitiva, possivelmente de construção romana, edificada sobre um pequeno ilhéu rochoso, junto à margem, tal como o de Almourol mas mais baixo. 
Documentos da Ordem do Templo descrevem-nos a tomada pacífica do castelo mouro de al-Mutriqah, neste local, pelas forças de el-Rei Dom Afonso I, no mesmo ano da conquista da praça forte de Santarém, em 1147. 

"...o castelo de Al-Mutrica é mais pequeno que o da Cardica e tem a sua torre principal fora dele numa ilhota junto à margem e unida a este por uma forte e alta ponte suspensa de madeira. Serve esta torre de atalaia para vigiar quem passa no Tejo e quem quer entrar as águas rebeldes do Zezere. Por ter este singelo aspecto já os arabes lhe chamavam o "Pequeno Martelo" ou Al-Mutrica e por isso se determinou chamar-lhe de Punhete que é o nome que damos a esses instrumentos de ferreiro. Na margem do Tejo e virado a nascente tem um pequeno porto natural de resguardo com um bom embarcadouro todo em estacas e tabuado. É deste lado do castelo e fora dele que a pequena aldeia arabe se fixou. O primeiro grupo que aqui ficou destinado a montar guarda foi dos nossos Irmãos do Templo."
 
 
Pergaminho da Ordem do Templo
datado de 1150            
(tradução nossa)           


Segundo os nossos arquivos, o Comandante do destacamento Templário, Fr. Dom Miguel Paes recuperou o castelo, adossou um contraforte na torre e aumentou-a em altura. Alguns anos mais tarde, em 1152, a torre já se encontrava unida ao castelo através de uma ponte em pedra à maneira das torres albarrãns. Sabe-se que numa enxurrada de proporções bíblicas, o Tejo provocou entre outras destruições, a derrocada desta ponte ou passadiço. Depois disso, optou-se por criar um aterro que uniu definitivamente o ilhéu à margem e o castelo ficou ligado à torre por uma muralha forte do tipo couraça com arcadas. 


Em 1169, el-Rei Dom Afonso I faz doação oficial do castelo de Punhete à Ordem do Templo. D. Dinis confirma-a à Ordem de Cristo. 
Nos princípios do século XVI o castelo ainda estava na posse dos Sande, senhores de Punhete, na pessoa de Dom João de Sande, que lhe fez obras de vulto, introduzindo-lhe profundas alterações. 
Foi aqui que el-Rei Dom Sebastião, então com 15 anos, se acoitou fugindo à peste que grassava em Lisboa e foi também aqui que Luis de Camões se apaixonou pela bela Isabel Freire, irmã do mesmo Dom João de Sande.


Hoje nada resta desta construção defensiva nem do palácio seiscentista que aqui existiu. A velha torre, que resistiu heroicamente até inícios do século XX, desapareceu para sempre, mandada derrubar pela autarquia em 1905.

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