10 de Abril de 2011
O Alcácer de Ben Al-Abbaci (Ben Ab-Cet) é tomado pelas forças de El Rei D. Afonso I de Portugal em 1147. O alcaide muçulmano Ben Al-Marzuq defende o reduto até ao último homem. O Alcacer torna-se castelo português e nele fica instalada desde logo uma guarnição Templária.
Os terrenos são férteis e estão bem cultivados. El Rei decide deixar no local uma comunidade que se vai estabelecer e cuidar da terra. A supervisão fica entregue aos freires de Cister que iniciam a construção da primeira igreja de Alcobaça dedicada a Santa Maria. Precisamente o templo original, precursor do actual mosteiro.
A oito de Abril de 1153, o Rei nosso Senhor D. Afonso faz carta de doação dos coutos de Alcobaça a Bernardo de Claraval e à sua Ordem de Cister. Toda a zona sofre um forte impulso de desenvolvimento, sempre sob a protecção da milícia Templária.
É fundado neste ano o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. O mesmo ano em que morre Bernardo de Claraval.
Em 1190, toda a região é invadida na sequência da vasta ofensiva de Al-Mansor, rei de Marrocos, e é no castelo de Alcobaça que se dá um dos mais significativos actos de coragem e abnegação da milícia Templária.
Os árabes deslocam um poderoso contingente de forças para cercar o castelo e o mosteiro, na sua famosa táctica de meia-lua.
A defesa é impossível face à maré muçulmana que avança. A situação é insustentável. Aos sitiados resta a fuga para o mar através da lagoa da Pederneira. O plano é traçado rapidamente. Religiosos, colonos e combatentes irão usar os pequenos botes de pesca artesanal, suficientes para se escaparem até aos barcos que os aguardam na foz da lagoa.
É então que o drama se desenrola, provocado por aqueles que, filhos de um Deus maior, dEle depressa se esquecem quando chega o momento apertado de salvar a pele. Ao egoísmo e cobardia de uns se sobrepôe a coragem e o sacrifício de outros.
"... tratando de vigiar a proximidade do inimigo, a pequena guarnição Templária avança no terreno deixando aos frades espaço e tempo suficientes para prepararem a retirada através da lagoa. O estreito de Valados está livre, os botes e barcaças são suficientes para todos, a fuga ainda é possível. Na foz, junto à Casa da Barca, barcos de cabotagem aguardam-nos, preparados para partir. Os frades, num gesto vil, decidem levar com eles o máximo de espólio religioso ocupando todos os botes. E partem sem os Templários. Ainda é possível apanhá-los por terra na Torre das Pirreitas. Mas isso seria levar até lá parte do exército inimigo no encalce. Significaria o fim de todos.
Os Templários decidem então ficar. Recolhem-se no castelo e preparam a defesa..."
Os cavaleiros do Templo sabem que aquela tarde portuguesa, será para eles, a última. Ainda vêm a igreja-fortaleza de Santa Maria do Mosteiro ser consumida pelas chamas . Depois, tal como Ben Al-Marzuq 43 anos antes, combatem até ao último homem.
O castelo é reconstruido por D. Sancho I em 1200.
Em 1329, devido a um violento sismo, algumas muralhas ruíram.
D. João I reedifica-o mas volta a sofrer enormes prejuízos devido a novos abalos em 1563 e 1755.
No século XVIII ainda tinha o aspecto de fortaleza e faziam-se notar as torres e panos de muro.
Em 1838 a Câmara Municipal de Alcobaça delibera a demolição do castelo transformando-o numa pedreira. Até 1855 são doadas e vendidas milhares de carradas de pedra e cantaria.
Em 1956 a autarquia procede a obras de restauro e desaterra o que resta do castelo de Alcobaça.
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