Os quatro Irmãos da Ordem cruzaram-se no passeio da rua com uma menina que não teria mais de quatro ou cinco anos de idade. Vinha compenetrada nos seus pensamentos e, mal reparou neles parou esboçando-lhes um sorriso lindíssimo...
"Ao cruzar-se connosco saudou-nos educada e firmente:
- Boa tarde!
Um pouco surpreendidos e meio atrapalhados respondemos-lhe quase que automaticamente também:
- Boa tarde!
Só no momento seguinte reparámos, que havia algo de singular naquele quadro. Os miúdos hoje em dia já não são assim.
Aproveitando o momento e antes que a magia se desvanecesse, baixei-me e ficando à mesma altura da pequenita, meti conversa:
- Olá, como te chamas?
- Joana!
- És muito simpática! Quem te educou tão bem assim?
- Os meus pais e a minha professora!
- Diz-me Joana, e cumprimentas assim toda a gente que encontras?
- Só os meus familiares, as pessoas conhecidas e os Anjos-da-Guarda!
Notei algo nos olhos daquela pequenita que me começou a inquietar. Algo de familiar que não consegui entender logo. Sem resistir ao impulso, perguntei-lhe:
- E a qual deles acabas de dar as boas tardes, Joaninha?
- Aos Anjos-da-Guarda!
...Assim... Sem hesitações!
Olhei-a nos olhos com ternura e naquele vasto universo, espelho da alma humana, só vi amor. E muita alegria.
Sem tirar os seus olhitos dos meus e esboçando novamente aquele sorriso puro e inocente, acrescentou baixinho em tom de confidência:
- Eu sabia que vocês existiam...
Aturdido e sem perceber logo o sentido do que acabara de ouvir, levantei-me, e com um sorriso possível, dexei-a ir.
Adivinhando o meu embaraço, a pequenita voltou-se para trás com um ar sério mas fingido e apontando para nós o dedito arrematou:
- Esqueceram-se de esconder as asas..”
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