O visível e o invisível

3 de Outubro de 2011


Os quatro Irmãos da Ordem cruzaram-se no passeio da rua com uma menina que não teria mais de quatro ou cinco anos de idade. Vinha compenetrada nos seus pensamentos e, mal reparou neles parou esboçando-lhes um sorriso lindíssimo... 

"Ao cruzar-se connosco saudou-nos educada e firmente:
- Boa tarde! 
Um pouco surpreendidos e meio atrapalhados respondemos-lhe quase que automaticamente também:
- Boa tarde! 
Só no momento seguinte reparámos, que havia algo de singular naquele quadro. Os miúdos hoje em dia já não são assim. 
Aproveitando o momento e antes que a magia se desvanecesse, baixei-me e ficando à mesma altura da pequenita, meti conversa: 
 
- Olá, como te chamas? 
- Joana! 
- És muito simpática! Quem te educou tão bem assim? 
- Os meus pais e a minha professora! 
- Diz-me Joana, e cumprimentas assim toda a gente que encontras? 
- Só os meus familiares, as pessoas conhecidas e os Anjos-da-Guarda! 
Notei algo nos olhos daquela pequenita que me começou a inquietar. Algo de familiar que não consegui entender logo. Sem resistir ao impulso, perguntei-lhe: 
- E a qual deles acabas de dar as boas tardes, Joaninha? 
- Aos Anjos-da-Guarda! 
...Assim... Sem hesitações! 
Olhei-a nos olhos com ternura e naquele vasto universo, espelho da alma humana, só vi amor. E muita alegria. 
Sem tirar os seus olhitos dos meus e esboçando novamente aquele sorriso puro e inocente, acrescentou baixinho em tom de confidência: 
- Eu sabia que vocês existiam... 
Aturdido e sem perceber logo o sentido do que acabara de ouvir, levantei-me, e com um sorriso possível, dexei-a ir. 
Adivinhando o meu embaraço, a pequenita voltou-se para trás com um ar sério mas fingido e apontando para nós o dedito arrematou: 
- Esqueceram-se de esconder as asas..”

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